O que você sentiria se o seu chefe ou o
seu companheiro(a) te olhasse bem nos olhos segurando os seus ombros e dissesse
“Eu não gostei do que você fez, vá agora para a sua cadeira e pense nisso, você
só vai sair de lá quando eu for te tirar e depois que você me pedir desculpas!”. Ficaria feliz pela ajuda? Aborrecido (a)? Frustrado (a)?
Imagino muitas coisas que você poderia
sentir ou não sentir ao passar por esta situação e entre as coisas que eu tenho
certeza que você não sentiria, estão os sentimentos de amor, cuidado e
carinho...
Então eu te pergunto:
Como as nossas crianças se sentem ao
serem tratadas dessa forma!? O que elas pensam sobre você, sobre si mesmas e
sobre quais decisões tomarão futuramente a caminho do cantinho do pensamento?
Pois eh, eu não sei! E provavelmente
você também não... porque quando mandamos as crianças para o cantinho do
pensamento além de não estarmos lidando com o problema e com todas as emoções e dúvidas, ainda estamos mandando que ela pense em algo sozinha e que muito provavelmente
ela nem queira pensar!
Não podemos controlar o que as crianças
pensam e ali no cantinho em que deveriam refletir sobre o próprio comportamento,
talvez estejam pensando sobre o seu comportamento e enquanto umas estão cheias
de mágoa e raiva, outras estão pensando em vingança e em como não serem pegas
da próxima vez e ainda há aquelas que pensam em como são “más” ou “não aprendem
nada” ou que “nunca serão boas o suficiente”.
Se esta
leitura fez sentido para você, então você está convidado a aprender e a ensinar
ao seu filho e/ou alunos sobre a importância da “ PAUSA POSITIVA” e quem sabe, criar junto com
eles ou elas “O CANTINHO DA CALMA” ou qualquer outro nome que vocês queiram
dar...
O que você precisa saber sobre o espaço para dar
uma “PAUSA POSITIVA” \o/
·
Antes de usar o “cantinho
da calma”, converse sobre a utilidade do espaço e ensine às crianças sobre o
valor de se acalmar e como é importante que todos se sintam mais calmos antes
da resolução de conflitos;
·
Ensine às crianças que
quando se sentirem melhor, devem procurar a solução para o problema. Neste momento,
a criança deve procurar o adulto (pais, responsáveis ou professores) e
conversar sobre o que aconteceu, nem sempre será necessário falar sobre o assunto,
às vezes só a pausa já é suficiente para resolver o problema de comportamento;
·
Se for preciso conversar
após a pausa, tente usar perguntas que estimulem a curiosidade, ajudando a
criança a explorar as consequência das suas escolhas e focar em soluções;
·
Você precisa ser o espelho
da criança nesse momento e por isso também deverá fazer pausas positivas quando
precisar!
·
Os adultos e as crianças
podem ter lugares diferentes para o momento da “pausa positiva”;
·
Deixe claro que o “tempo
positivo” não tem a intenção de punir ou causar sofrimento;
·
Quando você perceber que a sua criança precisa de uma pausa, você pode
perguntar a ela, respeitosamente, “Te ajudaria ir para o ‘seu lugar feliz?”;
caso ela não queira você pode oferecer-se para ir junto “Você gostaria que eu
fosse com você”? (se você não estiver
irritado também, não há problema, neste momento o foco é fazê-la se sentir
melhor, para que vocês possam conversar e ela aja melhor de uma próxima vez),
caso a resposta ainda seja negativa, você pode dizer: “Tudo bem, então eu vou”
e vá mesmo, mostre pelo exemplo que dar um tempo não é ruim!
·
Crie o espaço, junto com as crianças, escolham o tema, decorem, decidam
quais brinquedos irão para este lugar especial.
·
Ofereça sugestões de coisas que possam ser feitas: ler, brincar, descansar, ouvir música, colorir,
desenhar...
·
Deixe que as crianças deem um nome para o espaço, caso elas queiram - por exemplo se a decoração for de animais de
fazenda, o nome pode ser “Fazenda do (a)...” Jane Nelsen, fala sobre uma professora
que fez uma vovó de tecido bem fofa e quando era preciso, perguntava aos alunos “Te
ajudaria ir sentar no colo da vovó por uns minutinhos?”. O cantinho também pode
ser um balanço no quintal, um puff bem
grande para se aninhar... O importante é a criança escolher um lugar e objetos ou
atividades que a façam ficar bem, e fique lá até que esteja pronta para
ser respeitosa e ou dialogar.
Importante 1: Se a criança não tem idade suficiente para
ajudar a planejar esse cantinho, então também não tem idade suficiente para
usá-lo.
Importante 2: Alguns adultos questionam esse “cantinho
divertido” por achar que ele seria uma recompensa pelo mau comportamento, eles ainda
acreditam que as crianças devem “pagar pelo que fizeram” sendo punidas e ainda
não entenderam que “as crianças agem melhor quando se sentem melhor.”
Depois que vocês criarem o seu cantinho, conta pra mim, vou amar saber...
Vou ficando por aqui... Desejo uma excelente
harmonia para a sua família e o bem-estar de todos os seus, hoje e sempre!
Por Nayara Ramos
*baseado nos
princípios de Disciplina Positiva de Jane Nelsen.